Atelier de Traduções: traduções jurídicas, financeiras e corporativas

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O Atelier de Traduções no TradTec 2023: conexões e experiências memoráveis.

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No último fim de semana, nos dias 20 e 21 de outubro, a equipe do Atelier de Traduções teve a oportunidade de participar de um evento especial no mundo da tradução: o TradTec 2023. Este simpósio de tradução técnica, promovido pelo Descomplicando o Inglês Jurídico e o TRADUSA, reuniu profissionais e entusiastas da área para explorar uma variedade de temas, desde saúde e finanças até games e direito – nossa especialidade.

O destaque do evento foi a liderança do Descomplicando o Inglês Jurídico, sob a orientação da talentosa Bruna Marchi, com quem temos o privilégio de trabalhar de perto. O evento contou com a participação de nomes renomados no mundo da tradução técnica, incluindo Leticia Barizon, da Meta Traduções, uma parceira valiosa com quem também colaboramos, e Ivar Junior, que nos levou a uma viagem incrível e complexa pelo universo da tradução de games.

Além de todas essas experiências enriquecedoras, o TradTec 2023 também proporcionou uma oportunidade especial para reencontrar nossos amigos da profissão, como o Paulo, mestre das aulas de latim, e a querida Mônica Mello.

Eventos como o TradTec não apenas aprimoram nosso conhecimento e nos mantêm atualizados nas tendências da tradução técnica, mas também fortalecem as conexões com colegas e amigos da área. A atmosfera acolhedora e a ajuda recíproca são o que tornam eventos como esse verdadeiramente memoráveis.

O Atelier de Traduções está empolgado por ter participado deste evento inspirador e mal pode esperar por mais oportunidades para se envolver com a comunidade de tradução técnica e continuar aprimorando suas habilidades para melhor atender aos seus clientes.

Fique atento para mais atualizações e compartilhamento de conhecimento à medida que continuamos nossa jornada no mundo da tradução técnica.


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Tradução de termos vulgares em documentos

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É claro que quando falamos de tradução de termos vulgares, a maior parte das pessoas tende a pensar que esta questão é exclusiva da área de legendagem, onde o tradutor terá que levar em consideração a audiência e o intuito do diretor do filme.

Apesar de ser um tópico especialmente difícil em qualquer área de tradução, vamos abordar a tradução de documentos.

Como muitas vezes ocorre em documentos, entre esses considerados e-mails, correspondências e transcrições, o tradutor deverá levar em consideração, além do público alvo, a relevância de o leitor ter conhecimento da intensidade do teor e o fato de a tradução ser ou não juramentada.

Imagine que você está sentado à frente do seu computador, com um copo de café e bolachinhas, e recebe um e-mail de um cliente que precisa da versão (lembrando que versão ou tradução referem-se sempre à direção da tradução, se para o português, será tradução, se do português para outro idioma, versão) de e-mails trocados dentro da empresa localizada no Brasil, que deverão ser enviados à matriz nos Estados Unidos para avaliação de algum procedimento interno ou até mesmo para tomada de decisão quanto a uma ação judicial por assédio ou discriminação.

Você abre o documento e encontra aquele linguajar lindo, nível mais baixo do que o nível do mar. O que fazer?

Bom, como na legendagem ou em qualquer outra área da tradução, a primeira coisa a fazer é determinar o público que vai ler o documento e o local para onde este será enviado. Na maioria das vezes, quando traduções desse tipo são solicitadas, não haverá grande possibilidade de mascarar ou suavizar o que foi escrito. Se o leitor tem necessidade de conhecer os fatos reais, nada será poupado.

Porém, é muito importante lembrar que o sigilo profissional é de fundamental importância. A indiscrição profissional poderá custar não só a perda do cliente atual, mas também de clientes futuros. Ética não é o tópico deste texto, mas é sempre bom ter em mente que, como em todas as profissões, ela existe por um motivo, nesse caso, limitar algum dano que possa já ter ocorrido e até mesmo proteger uma pessoa ofendida.

Caso a única opção seja a de não poupar nada, um estudo do vocabulário é de extrema importância. O objetivo é acertar na medida, não exagerar e não deixar nada de fora, e isso é tarefa difícil. A tradução literal de uma frase com trechos vulgares, pode ter efeito muito diferente do esperado. A mesma palavra, em países diferentes, pode ser mais ou menos ofensiva dependendo do contexto cultural. Um termo usualmente utilizado nos Estados Unidos pode ser muito mais ofensivo na Inglaterra, ou vice-versa.

Esse é um dos casos em que a experiência do tradutor e o seu conhecimento da cultura local do país de destino contam muito.

É importante saber o intuito da tradução (processo judicial, auditoria interna, ação disciplinar etc.) antes de escolher os termos a serem utilizados, lembrando que, no âmbito da tradução jurídica, pouquíssimas vezes existirá a possibilidade de suavizar a linguagem. Nesses casos, o critério correto de equivalência empregado para transferir a mensagem é o que realmente terá importância.

Lembre-se de que uma tradução sem a equivalência adequada poderá gerar ações equivocadas e até mesmo prejudicar um indivíduo. Uma frase encontrada em um e-mail em tom de piada de mal gosto, poderá, se mal traduzida, implicar muito mais que isso e ter consequências desastrosas.

Consulte sempre um profissional competente, isso evitará ações desnecessárias, perdas financeiras e muito mais.

Katia Gibbs – Tradutora e Intérprete

Eline Bélier – Revisão


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Ética do Tradutor – Precisão

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É sempre bom salientar que o tradutor encontrará, durante a sua carreira, diversos documentos confidenciais, cuja divulgação seria considerada antiética em diversos aspectos.

Porém, no âmbito da tradução, o universo complexo da ética se desdobra em certas particularidades, que se estendem além da obrigação de confidencialidade.

De forma geral, os Estatutos do Sindicato Nacional dos Tradutores (SINTRA) regem a ética da profissão no Brasil.

O Prof. Leandro Karnal, em sua brilhante palestra de abertura do VIII Congresso da Associação Brasileira de Tradutores (ABRATES), mencionou os contos de O tradutor cleptomaníaco, do escritor húngaro Dezsö Kosztolányi, que, em síntese, e de forma irônica, retratam o compromisso que o tradutor tem com a verdade do texto e a intenção do autor.

Em certa parte do conto, que invoca um sujeito de nome Gallus, após descrever o defeito deste último, que era roubar, o autor expõe os fatos:

[…] Mais abaixo, no fim da terceira página, li na edição inglesa: “A condessa Eleonora estava sentada num dos cantos do salão de baile, vestida para a noite, usando as velhas joias da família: tiara de diamantes, herdada da sua tataravó, esposa de um príncipe alemão; sobre seu colo de cisne, pérolas verdadeiras de brilho opaco; seus dedos quase se enrijeciam com os anéis de brilhante, safira, Esmeralda.

O manuscrito húngaro, para minha grande surpresa, assim trazia: “ A condessa Eleonora estava sentada num dos cantos do salão de baile, vestida para a noite…” Sem mais. A tiara de diamantes, o colar de pérolas, os anéis de brilhante, safira e esmeralda haviam desaparecido. Compreendem o que fizera esse infeliz escritor, merecedor de um futuro melhor?  

Como no conto, a infelicidade do indivíduo (tradutor) se dá exatamente pela violação de um dos princípios éticos: não roubarás!

Não roubarás nada na tradução! A ética pede que tudo seja incluído de forma fiel, o que no Brasil se encontra articulado nos Estatutos mencionados acima, no capítulo I, §1, cuja redação é a seguinte: “respeitar os textos ou outros materiais cuja tradução lhe seja confiada, não utilizando seus conhecimentos para desfigura-los ou alterá-los.”

Assim, a precisão também se torna um dever ético do tradutor.

Porém, levando-se em conta que um pouco (do sentido) sempre se perde em qualquer tradução, o que então se considera como sendo precisão?

Precisão na área de tradução é a preservação do significado, estilo e registro do documento original, incluindo também a representação textual de padrões de fala, que podem representar fenômenos socioculturais.

A peça Pigmaleão, de George Bernard Shaw, que mais tarde inspirou o filme My Fair Lady, é um dos exemplos de representação textual de padrões de fala. Na peça, Eliza Doolittle é uma mendiga que vende flores em Londres e que fala cockney, um dialeto utilizado na área do East End, em Londres, que mais tarde veio a ser atribuído a pessoas ignorantes, sem cultura e rudes.

Imagine que a tradução de Pigmaleão para o português apresentasse uma Eliza Doolittle que dominasse a norma culta. O tradutor teria então, violado, de forma grave, um dos princípios éticos.

A ética é uma questão abrangente. Para saber mais sobre ética na área de tradução, acompanhe nossos próximos posts!

Katia Gibbs – Tradutora e Intérprete

Eline Bélier – Revisão


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Ética na Tradução – Responsabilidade

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O tradutor é responsável por seu trabalho e deve reconhecer seus erros de tradução, empenhando-se em retificá-los mesmo após o trabalho ter sido concluído.

Sim, o tradutor também erra, e é por isso que é muito importante ter uma linha de comunicação aberta com o cliente para que dúvidas sejam sanadas e ambiguidades e erros sejam reduzidos a um mínimo.

É também visando minimizar erros, que o tradutor tem o dever ético de conhecer suas limitações e recusar trabalhos que excedam suas capacitações e competências linguísticas.

Um tradutor da área jurídica, provavelmente não aceitará trabalhos da área médica, a menos que tenha se especializado em ambas as áreas (o que não é o padrão). Assim, é importante que o tradutor aceite traduções apenas nos campos que possui conhecimento e expertise.

Ao aceitar um trabalho, a entrega tempestiva também é responsabilidade do tradutor, mas mais do que a entrega pontual, espera-se que o trabalho seja conduzido com o devido cuidado, tenha sido objeto de pesquisas e que o resultado final seja o desejado.

No Brasil, a responsabilidade profissional do tradutor se encontra prevista no Capítulo V dos Estatutos do Sindicato Nacional dos Tradutores (SINTRA), cuja redação é a seguinte: “Art. 7 – O tradutor é responsável civil e penalmente por atos profissionais lesivos ao interesse do contratante de seus serviços, cometidos por imperícia, imprudência, negligência ou infrações éticas”.

O SINTRA é responsável pela apuração de qualquer infração cometida e, se for o caso, pelo encaminhamento aos órgãos competentes.

Ao contratar um tradutor profissional, o cliente tem a garantia de estar contratando um especialista ciente de seus deveres éticos e do empenho necessário para atingir os mais altos padrões de precisão e contextualização linguística.

Enfatizo mais uma vez que, apesar de a profissão não ser regulamentada pelo Ministério do Trabalho, e de muitas pessoas a exercerem sem qualquer reserva, há uma lacuna enorme entre o que eu aqui chamo de “tradutor curioso” e o “tradutor profissional”.

O tradutor profissional está envolvido em constantes atualizações, está ciente de seus deveres perante o cliente, desempenha seu trabalho de acordo com padrões e normas éticas e assume todas as responsabilidades inerentes à sua profissão.

Desse modo, a qualidade da tradução está garantida. Erros, se houver, serão tempestivamente retificados. As obrigações de confidencialidade não serão quebradas. Pesquisas exaustivas serão feitas em cada trabalho recebido.

O sucesso é representado pela entrega de um trabalho irrepreensível, pela satisfação do cliente e pelo cumprimento do dever ético.

Encontre um tradutor que cumprirá todas as normas éticas, e valorize-o.

Katia Gibbs – Tradutora e Intérprete

Eline Bélier – Revisão


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Tecnologia e Tradução – Ferramentas CAT

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s Ferramentas CAT (Computer Assisted Translation), comumente referidas pelo seu nome em inglês “CAT Tools”, são ferramentas empregadas por tradutores profissionais como instrumentos auxiliares em algumas traduções, e que não devem ser confundidas com as ferramentas de tradução automática (Machine Translation), como o Google Translate, por exemplo.

As CAT Tools permitem que os tradutores criem “memórias”, que nada mais são do que um conjunto de unidades de texto em um idioma que refletem a tradução do original. A ferramenta vem em branco, não há nada traduzido. Tudo será criado a partir do trabalho do tradutor, o que significa que, se o profissional não for bom, a memória criada refletirá um trabalho questionável, até que seja corrigida.

Assim, tudo que for traduzido pelo tradutor (e, nesse ponto, enfatizo que o tradutor ainda continua a ser o principal agente) será armazenado em uma memória, que servirá para utilização futura em textos similares.

O cliente também pode ter uma memória de trabalhos anteriores ou criar glossários específicos. Bons exemplos são a indústria automobilística e algumas grandes empresas, como a Microsoft.

Muitos trabalhos vêm acompanhados de memória e termos específicos, como a tradução de “delete” como “remover” (em vez de deletar ou apagar), que é uma exigência de algumas empresas de software.

Ao utilizar tais recursos, o tradutor se beneficia muito no caso de manuais extensos, onde um índice enorme, após traduzido, aparecerá automaticamente nos tópicos correspondentes ao longo do documento (propagação). Não fosse pelas ferramentas de tradução, em casos como este, o tradutor teria que voltar ao início do documento para verificar como traduziu o mesmo termo em momento anterior.

O legal é que, uma vez que os termos tenham sido inseridos na memória, não será necessário fazer buscas em dicionários ou em outras fontes. A busca por termos se torna muito fácil.

Dessa forma, temos que dar crédito a tais ferramentas, pois possibilitam manter a consistência do emprego de vocabulário em um documento.

Quanto mais se usa a ferramenta, mais completa ela fica, com mais vocabulário, termos e sentenças.

Em resumo, essas ferramentas permitem que os tradutores trabalhem mais rápido e de forma mais consistente.

Economiza tempo, sim, mas não serve para tudo.

Há uma discussão enorme em andamento no universo da tradução. Diversos tradutores acreditam que com a adoção dessas ferramentas, alguns profissionais deixaram de ter o cuidado necessário, e que muitos deixaram, inclusive, de fazer revisões.

Eu particularmente trabalho muito pouco com CAT Tools, pois não vi grandes benefícios para a área jurídica, na qual os textos têm estilos diferentes, fins diferentes, as frases são longas (muitas vezes gigantescas) e há poucas repetições. Serve-me mais como glossário, mas a maioria dos tradutores já faz glossários específicos relativos a suas áreas. O meu glossário pessoal de inglês jurídico conta hoje com aproximadamente 5.500 entradas.

No lado das desvantagens, vejo o recurso de “propagação de correspondências” (ou seja, uma frase já traduzida, será propagada por todo o documento) como sendo também um recurso para “propagação de erros”.

Como se não fosse terrível descobrir um erro em uma memória que você deve usar, imagine como a coisa piora ainda mais quando a memória de uma tradução malfeita é devolvida ao cliente e enviada a outros tradutores. Imagine o número de pessoas utilizando um termo errado.

No meu caso, na área jurídica, penso que as ferramentas também interferem na boa escrita. A tradução de segmentos é uma desvantagem. Uma frase imensa cortada em segmentos limita, e muito, uma redação fluída, ficando muito difícil dar uma nova estrutura ao parágrafo.

Ainda assim, alguns profissionais optam pela utilização dessas ferramentas e resolvem o problema na revisão.

No meu ver, e no meu caso, seria trabalho dobrado, porque eu acabaria mudando todas as frases.

Tecnologia ajuda, sim, mas o fator humano ainda é imprescindível.

Katia Gibbs – Tradutora

Revisão – Eline Bélier


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